O Diário de Notícias (DN) chamava para título, na sua edição de 7 de Julho de 1975, dois dias depois das cerimónias de independência de Cabo Verde, que aquele país “não esqueceu Amílcar Cabral”. Eis a revista de imprensa portuguesa do momento do nascimento da nação cabo-verdiana.
O fundador do PAIGC, assassinado dois anos antes, na Guiné Conacri, por dois membros do seu próprio partido, foi recordado no estádio onde quatro mil pessoas celebraram a independência “como, de resto, um pouco por toda a cidade” da Praia, com a frase “Cabral não morreu”, escrita em crioulo.
“Cabo Verde vive as suas primeiras horas de independência” titulava, no sábado, 5 de Julho, o Diário Popular (DP), lembrando que se tratava da “mais antiga colónia do mundo”. No texto, o jornal lembrava a “presença opressora dos portugueses” ao longo de mais de 500 anos. O líder do PAIGC, Aristides Pereira, primeiro presidente de Cabo Verde, avisava, segundo o DP, que o novo país, conseguida a independência, iria “dar mil batalhas à miséria, ao analfabetismo e ao sub-desenvolvimento”.